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  • O Nome – Eucaristia

    O Nome – Eucaristia

    Continuamos a série sobre a Sagrada Eucaristia. Todos os posts são baseados na catequese sobre Eucaristia ministrada pelo Padre Artur Karbowy, S.A.C..
    Os textos serão publicados uma vez por semana! Façam uma boa leitura.

    O texto explica a origem e o significado dos diversos nomes dados ao sacramento da Eucaristia, cada um refletindo aspectos diferentes dessa celebração central da fé cristã.

    • Eucaristia: Palavra de origem grega que significa “ação de graças”. Deriva das orações judaicas da Ceia Pascal, onde Jesus, durante a Última Ceia, deu graças a Deus. Esse nome expressa a atitude de gratidão que o cristão deve ter diante de Deus, reconhecendo que tudo o que possui vem Dele.
    • Santo Sacrifício: Refere-se ao sacrifício de Jesus na cruz, perpetuado na Missa. Assim como os judeus ofereciam sacrifícios a Deus, na Eucaristia, os cristãos fazem memória do sacrifício de Cristo, que se entregou totalmente por amor.
    • Partilha do Pão: Termo que destaca o gesto de Jesus na Última Ceia, ao partir o pão e distribuí-lo aos discípulos. Simboliza comunhão, unidade e amor fraterno entre os membros da comunidade cristã.
    • Assembleia Santa (Synaxis): Expressa o sentido de união sagrada dos fiéis durante a celebração, onde todos se reúnem em torno da Palavra e do Altar. É um encontro sagrado, onde os fiéis se aproximam de Deus e uns dos outros.
    • Santa Missa: Nome mais popular, derivado da expressão latina “Ite missa est” (“Ide, a missão está concluída”), dita no final da celebração. Indica que os fiéis são enviados a viver no mundo os ensinamentos recebidos, levando a presença de Cristo às suas realidades.
    • Liturgia: Vem do grego leitourgia, que significa “obra do povo” ou “obra para o povo”. Inicialmente um termo secular, passou a designar o serviço sagrado. Na Missa, é Deus quem age em favor do povo, realizando obras de graça e santificação.

    O texto conclui que todos esses nomes refletem aspectos distintos, mas complementares, da Eucaristia, revelando sua riqueza espiritual, teológica e comunitária. A Missa não é apenas um ritual interno da Igreja, mas um encontro com Deus que transforma a vida dos fiéis e os envia ao mundo como testemunhas de sua graça.

  • Por que devemos fazer silêncio e ter espírito de oração para receber a eucaristia?

    Por que devemos fazer silêncio e ter espírito de oração para receber a eucaristia?

    Fazer silêncio e cultivar um espírito de oração antes de receber a Eucaristia é essencial porque nos prepara interiormente para esse encontro profundo com Cristo. O silêncio ajuda a aquietar os pensamentos dispersos e a afastar as distrações do cotidiano, permitindo que o fiel entre em comunhão com o mistério que está prestes a viver. Na tradição católica, a Eucaristia não é apenas um rito simbólico, mas a presença real de Jesus Cristo. Por isso, é necessário um coração recolhido, atento e reverente para acolhê-Lo dignamente.

    O espírito de oração é o meio pelo qual nos abrimos à ação da graça de Deus. Estar em atitude orante significa reconhecer nossa pequenez diante da grandeza do Sacramento e nos colocar em disposição humilde, adoradora e agradecida. A oração nos une a Cristo e nos lembra que a comunhão eucarística é também comunhão com a Igreja e com os irmãos. Sem esse espírito, a recepção da Eucaristia corre o risco de se tornar um gesto mecânico e vazio de significado espiritual.

    Além disso, o silêncio e a oração ajudam a despertar em nós a fé no mistério da transubstanciação — a mudança do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Esse é um mistério que ultrapassa a razão e só pode ser acolhido pela fé. O recolhimento prepara a alma para reconhecer essa presença real, favorecendo uma comunhão mais consciente, frutuosa e transformadora. A liturgia ensina que “quem comunga deve estar em estado de graça”, e o recolhimento favorece esse exame interior e disposição sincera.

    Após a comunhão, o silêncio continua sendo fundamental para uma boa ação de graças. Nesse momento íntimo, Cristo está presente de forma especial na alma do fiel, e é um tempo precioso para adorá-Lo, agradecê-Lo e apresentar-lhe nossos pedidos. A ação de graças não deve ser apressada nem superficial: é o prolongamento do encontro eucarístico e o início da missão de viver no dia a dia os frutos desse sacramento.

    Portanto, o silêncio e a oração antes, durante e depois da Eucaristia são expressões de reverência e amor a Cristo. Eles nos permitem viver a missa como um verdadeiro encontro com Deus, com profundidade e devoção. Sem esse preparo espiritual, corre-se o risco de banalizar o mistério e perder os frutos da graça. A comunhão eucarística é fonte de santidade, mas é preciso aproximar-se dela com fé viva, coração puro e alma atenta.

  • São Francisco de Sales e a Reconversão de Chablais: Quando a Fé Vence pelo Amor

    São Francisco de Sales e a Reconversão de Chablais: Quando a Fé Vence pelo Amor

     Um Santo que Sabia Falar ao Coração 

    Conhece aquelas pessoas que conseguem transmitir a fé não com gritos, mas com um sorriso? Assim era São Francisco de Sales. Nascido em 1567 no castelo da família, na região da Saboia (hoje França), ele poderia ter tido uma vida tranquila como nobre. Mas Deus o chamou para algo maior: tornar-se sacerdote e, mais tarde, bispo de Genebra – embora, por causa da forte oposição calvinista, ele tenha governado sua diocese a partir da cidade de Annecy. 

    O que fazia de Francisco de Sales tão especial? Sua incrível capacidade de falar de Deus de um jeito que todos entendiam. Ele escreveu livros como a Introdução à Vida Devota, mostrando que a santidade não era só para monges e freiras, mas para todo mundo – donas de casa, comerciantes, camponeses. Dizia que “mais moscas se pegam com uma gota de mel que com um barril de vinagre”. E viveu isso na prática. 

     A Incrível Missão de Chablais: Quando a Persistência Venceu a Resistência 

    Imagine um jovem padre sendo enviado sozinho para uma região onde a população havia abandonado a fé católica e destruído igrejas. Foi o que aconteceu com Francisco em Chablais, entre 1594 e 1598. Os calvinistas dominavam a região, e o catolicismo estava proibido. Muitos teriam desistido ou partido para o confronto. Mas não ele. 

    Sem jamais levantar a voz, Francisco começou a escrever sermões claros e cheios de bondade, que eram copiados à mão e colocados debaixo das portas das casas. À noite, ele pregava com paciência, mesmo sob ameaças. Aos poucos, seu respeito e firmeza na fé foram conquistando corações. O que parecia impossível aconteceu: milhares voltaram à Igreja Católica, não por força, mas porque viram em Francisco um homem que realmente acreditava no que pregava – e amava as pessoas que tentava converter. 

     O que isso nos Ensina Hoje? 

    Vivemos num mundo cheio de polarizações, onde muitos discutem religião com ódio, não com amor. A história de São Francisco de Sales e Chablais nos lembra que a verdadeira fé não se impõe – ela cativa. Ele não abriu mão da verdade, mas também nunca abriu mão da caridade. 

    Em nossa paróquia, somos chamados a seguir esse exemplo: acolher quem está afastado, explicar a fé com paciência e, acima de tudo, testemunhar com alegria. Porque, no fim das contas, ninguém se converte por argumentos brilhantes, mas pelo encontro com o amor de Deus – e esse amor precisa ser visto em nós. 

    São Francisco de Sales, rogai por nós! 

     Fontes: 

    – LAJEUNIE, E. J. Saint Francis de Sales: The Man, the Thinker, His Influence (1966). 

    – WRIGHT, W. The Missionary Methods of St. Francis de Sales (2005). 

    Para Refletir: 

    “Nada é tão forte quanto a gentileza, e nada tão gentil quanto a força verdadeira.” – São Francisco de Sales

  • Santa Missa “pro eligendo Romano Pontifice” – Homilia do Cardial Giovanni Battista Re

    Santa Missa “pro eligendo Romano Pontifice” – Homilia do Cardial Giovanni Battista Re

    Nos Atos dos Apóstolos, lê-se que após a ascensão de Cristo ao céu, e enquanto aguardavam o dia de Pentecostes, todos perseveravam e estavam unidos em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. Act 1, 14).

    É exatamente isso o que nós também estamos a fazer, a poucas horas do início do Conclave, sob o olhar da Virgem Maria colocada ao lado do altar, nesta Basílica que se ergue sobre o túmulo do Apóstolo Pedro.

    Sentimos unido a nós todo o povo de Deus, com o seu sentido de fé, de amor ao Papa e de espera confiante.

    Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar a sua luz e a sua força, a fim de que seja eleito o Papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.

    Rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os Cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade.

    No Evangelho que foi proclamado, ressoaram palavras que nos conduzem ao coração da suprema mensagem-testamento de Jesus, confiada aos seus Apóstolos na noite da Última Ceia, no Cenáculo: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). E quase para precisar este «como Eu vos amei» e indicar até onde deve chegar o nosso amor, Jesus afirma a seguir: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13).

    É a mensagem do amor, que Jesus define como «novo» mandamento. Novo porque amplia grandemente, transformando-a em positiva, a advertência do Antigo Testamento, que dizia: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.

    O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e as ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização, aquela que Paulo VI chamou de “civilização do amor”. O amor é a única força capaz de mudar o mundo.

    Jesus deu-nos o exemplo desse amor no início da Última Ceia com um gesto surpreendente: abaixou-se para servir os outros, lavando os pés dos Apóstolos, sem discriminação, sem excluir Judas, que o trairia.

    Esta mensagem de Jesus está relacionada com o que ouvimos na primeira leitura da Missa, na qual o profeta Isaías nos lembrou que a qualidade fundamental dos Pastores é o amor até à entrega total de si mesmo.

    Surge, portanto, dos textos litúrgicos desta celebração eucarística, um convite ao amor fraterno, à ajuda recíproca e ao empenho em favor da comunhão eclesial e da fraternidade humana universal. Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro conta-se a de fazer crescer a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, comunhão dos bispos com o Papa e comunhão dos Bispos entre si. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a comunhão entre as pessoas, os povos e as culturas, tendo sempre em vista que a Igreja seja “casa e escola de comunhão”.

    Além disso, é forte o apelo à manutenção da unidade da Igreja segundo o caminho indicado por Cristo aos Apóstolos. A unidade da Igreja é desejada por Cristo, uma unidade que não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho.

    Cada Papa continua a encarnar Pedro e a sua missão e, assim, representa Cristo na terra; ele é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada (cf. Mt 16, 18).

    A eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna.

    Os Cardeais eleitores expressarão o seu voto na Capela Sistina, onde, como diz a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, «tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado».

    No Tríptico Romano, o Papa João Paulo II desejava que, nas horas da grande decisão através do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrasse a cada um a grande responsabilidade de colocar as “chaves supremas” (Dante) nas mãos certas.

    Rezemos, portanto, para que o Espírito Santo, que nos últimos cem anos nos deu uma série de Pontífices verdadeiramente santos e notáveis, nos conceda um novo Papa segundo o coração de Deus, para o bem da Igreja e da humanidade.

    Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus.

    O mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais, humanos e espirituais, sem os quais a convivência humana nem será melhor nem beneficiará as gerações futuras.

    Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos auxilie com a sua materna intercessão, para que o Espírito Santo ilumine as mentes dos Cardeais eleitores e os torne concordes na eleição do Papa de que o nosso tempo necessita.

  • A Eucaristia – Cores Litúrgicas

    A Eucaristia – Cores Litúrgicas

    Continuamos a série sobre a Sagrada Eucaristia. Todos os posts são baseados na catequese sobre Eucaristia ministrada pelo Padre Artur Karbowy, S.A.C..
    Os textos serão publicados uma vez por semana! Façam uma boa leitura.

    Cores das Vestes Litúrgicas

    Antes de algumas palavras sobre as cores das vestes litúrgicas, é hora de uma pequena digressão sobre a “moda” litúrgica de hoje. Infelizmente, é triste dizer que os trajes litúrgicos em muitas paróquias são terríveis. Muitas vezes são feitos de algum material de muito má qualidade e decorados com elementos que servem mais para carnaval do que a liturgia. Assim as vezes temos algumas vestes litúrgicas feitas de material totalmente não adequado, que são feias e para elas foram atribuídos alguns símbolos sagrados. Assim podemos encontrar o tecido mais barato, elementos brilhantes horríveis, símbolos patrióticos completamente desnecessários. Deve haver uma cruz na casula. Claro, se motivos delicados relacionados ao Espírito Santo, a Trindade, Maria ou os santos são costurados nele, não há nada de errado com isso. As casulas devem, no entanto, ser o mais simples possível, com uma cruz como seu elemento mais importante e feito de bom material. Sei que nas lojas com artigos devocionais não há muita escolha em termos de casulas bonitas e boas, porque há muito “carnaval” nelas… Às vezes penso comigo mesmo que quando Jesus olha nossas casulas, é claro que está com amor, mas diz: “Filho, o que você está vestindo? Como você definiria a sua aparência? Você simplesmente brilha como uma árvore de Natal”.

    Como todos sabemos muito bem, as vestes litúrgicas mudam de cor durante o ano. Tanto as casulas como toalhas do altar, dependendo da época do ano litúrgico e das festas, aparecem na liturgia em cores diferentes. Então, vamos tentar ver por que isso acontece, quando as diferentes cores são usadas e qual é o seu significado.

    O Verde

    O primeiro é verde. A cor verde é atribuída ao chamado período ordinário, comum, ou seja, a todos os dias do ano que não sejam dias extraordinários – em todos os dias da semana que não sejam Quaresma, Páscoa, Natal, Advento ou outras festas, o sacerdote usa as vestes para a Missa de cor verde. Esta cor significa simplesmente esperança e nossa expectativa de todo o bem da mão de Deus. Eu gosto muito do período comum.

    Recordo que um nosso já falecido padre, que no fim da sua vida assistia à Eucaristia apenas do seu quarto, nos viu entrando em casulas verdes – porque acabava de terminar o tempo festivo da liturgia e começara o período comum – dizia sempre: “Enfim, que bom que não estejamos celebrando o Senhor Jesus, pequeno, grande, sofredor ou ressuscitado, mas enfim todo”.

    Gosto desta forma de ver o verde, o tempo do cotidiano na Igreja. Afinal, não é um período de menor importância nos mistérios, mas um tempo em que podemos desfrutar de todos os mistérios, ou seja, de todas as riquezas do que Deus fez por nós. É isso que está por trás da cor verde.

    O Branco

    Outra cor das vestes litúrgicas é o branco. A cor branca é usada durante o tempo da Páscoa, ou seja, por seis semanas, a partir da Páscoa, durante o Natal, ou seja, desde a celebração do Natal até o domingo do Batismo do Senhor, bem como em todas as festas de Jesus não relacionadas à Sua Paixão, em todas as festas em que se lembrem de Maria e santos, mas aqueles que não são mártires. Geralmente o branco é uma cor festiva. Simboliza inocência, pureza, vitória, tudo que foi lavado da sujeira do pecado, o que é simplesmente sagrado. Às vezes, durante as grandes celebrações, os padres vão à missa em casulas de ouro ou em casulas brancas com elementos dourados. Claro, não há cor dourada na liturgia. Sua aparência é, na verdade, uma variante litúrgica branca, que, devido ao alto nível da cerimônia, foi enfatizada com decorações.

    É importante lembrar também que o branco na liturgia é a cor que substitui todas as outras. Na prática, isso significa que quando a cor adequada das vestimentas não estiver disponível por algum motivo, ela sempre pode ser substituída por vestimentas brancas, independentemente do período litúrgico.

    O Vermelho

    Além do verde e do branco, a Igreja também usa o vermelho. Esta cor das vestes litúrgicas está associada ao Espírito Santo e ao martírio. Por isso usamos o vermelho quando nos lembramos dos santos que foram mártires, porque o vermelho significa sangue derramado por Cristo, e quando celebramos festas relacionadas ao Espírito Santo, por exemplo, Pentecostes. Acho que essas duas realidades – o Espírito Santo e o martírio – estão intimamente relacionadas. É impossível morrer pela fé e em nome de Cristo, se antes o Espírito Santo não virá verdadeiramente a nós e tocará nossas vidas com Seu poder. Curiosamente, também na Sexta-Feira Santa é usado vermelha, o que nos lembra a morte de Jesus naquele dia, ou seja, dando vida e derramando Seu Sangue para que possamos receber uma nova vida no Espírito Santo.

    O Roxo

    A cor roxa também aparece na liturgia em dois tempos do ano. É, claro, durante o Advento e a Quaresma. O roxo simboliza arrependimento e expectativa. É a cor da humilhação, da conversão, da mortificação e ao mesmo tempo da espera das mudanças. Esta cor também é usada durante as missas pelos falecidos, ou seja, em novembro, em torno do Dia de Finados, e durante os funerais. Preto é uma cor fúnebre, mas raramente é usada.

    O Rosa

    Entre as cores das vestes litúrgicas, há outra cor muito especial que só aparece duas vezes por ano – no terceiro domingo do Advento e no quarto domingo da Quaresma, chamado respectivamente de “Gaudete” e “Laetare”, o sacerdote usa vestimentas rosa. Esses dois domingos são os chamados Domingos da Alegria, que ocorrem na metade desses períodos especiais. A Igreja ilumina levemente as vestes roxas do Advento e da Quaresma com rosa, como se dissesse: “Vamos e estamos realmente perto. Você tem que estar feliz porque em breve chegaremos ao nosso destino”.

    O texto de hoje é a transcrição fiel do original.

  • Como é eleito o Papa

    Como é eleito o Papa

    A história do Conclave e o processo de eleição do Papa são elementos centrais da tradição da Igreja Católica. A palavra “Conclave” vem do latim cum clave, que significa “com chave”, indicando que os cardeais são trancados em local reservado até que um novo Papa seja eleito.


    História do Conclave

    1. Origens:
      Nos primeiros séculos do Cristianismo, os papas eram eleitos pelo clero de Roma com participação do povo. Não havia um processo formal e uniforme.
    2. Século XI – Reforma Gregoriana:
      O Papa Nicolau II (1059) estabeleceu que somente os cardeais poderiam eleger o Papa, em resposta a interferências políticas e familiares poderosas de Roma.
    3. Primeiro Conclave formal:
      O sistema como conhecemos hoje surgiu após um episódio em 1268, quando a Sé Apostólica ficou vaga por quase três anos após a morte do Papa Clemente IV. Para forçar os cardeais a decidirem, os cidadãos de Viterbo os trancaram e reduziram sua alimentação. O Papa Gregório X, eleito em 1271, formalizou o sistema do conclave fechado no Concílio de Lyon (1274).
    4. Desenvolvimentos posteriores:
      Ao longo dos séculos, papas e concílios fizeram ajustes nas regras do Conclave para garantir maior sigilo e independência na escolha.

    Como se elege um Papa hoje

    As regras atuais estão detalhadas na constituição apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por São João Paulo II em 1996 e modificada por Bento XVI e Francisco.

    1. Período de Sé Vacante

    Após a morte ou renúncia de um Papa, inicia-se o período chamado de sede vacante. O governo da Igreja é temporariamente assumido pelo Colégio dos Cardeais, que não pode alterar normas da Igreja nem tomar decisões importantes.

    2. Participantes

    Somente cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto. Atualmente, o número máximo de eleitores é 120.

    3. Local

    O Conclave acontece na Capela Sistina, no Vaticano. Os cardeais ficam isolados na Domus Sanctae Marthae, sem comunicação com o mundo exterior.

    4. Votação

    • Cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido em uma cédula.
    • São necessárias duas votações pela manhã e duas à tarde.
    • Para a eleição ser válida, o candidato precisa de 2/3 dos votos.
    • As cédulas são queimadas após cada votação.
      • Se ninguém é eleito, a fumaça é preta.
      • Quando há um eleito, a fumaça é branca.

    5. Aceitação

    Após eleito, o decano do Colégio pergunta: “Aceitas tua eleição canônica como Sumo Pontífice?”
    Se aceitar, o novo Papa escolhe seu nome pontifício e é apresentado ao povo com o anúncio:

    Habemus Papam! (“Temos um Papa!”)


    Curiosidades

    • O Papa não precisa ser cardeal nem bispo, mas deve ser homem batizado e católico (na prática, elege-se sempre um cardeal).
    • O Papa Gregório X criou o Conclave em 1274.
    • Bento XVI, em 2013, foi o primeiro Papa a renunciar em quase 600 anos.

    A maior preocupação é a influência externa sobre a eleição papal. Como vimos no texto, houve uma interferência direta na eleição do papa principalmente no século X. 

    Só para se ter uma ideia, no final desse período de interferência houve um antipapa chamado Bonifácio VII que assumiu o trono de Pedro por três vezes. Um Papa verdadeiro era eleito, tirava o Bonifácio VII; morria o Papa voltava o Bonifácio VII. Um horror! Este fato é contado no livro As Verdades que Nunca Te Contaram sobre a Igreja Católica, do diácono Alexandre Varela e sua esposa Viviane Varela. Recomendo muito que assinem o Instagram deles que se chama @ocatequistaoficial. O blog deles também, O Catequista.

    Sobre a questão da assistência do Espírito Santo na eleição do Papa, Bento XVI já havia dito: “Eu não diria que o Espírito Santo escolhe o Papa, porque há muitos exemplos contrários de papas que o Espírito Santo obviamente não teria escolhido.” (Livro Bento XVI – O Último Testamento) – exemplo dessa declaração, Bonifácio VII.

    Leia no post O Espírito Santo realmente escolhe o Papa?