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  • São Francisco de Sales e a Reconversão de Chablais: Quando a Fé Vence pelo Amor

    São Francisco de Sales e a Reconversão de Chablais: Quando a Fé Vence pelo Amor

     Um Santo que Sabia Falar ao Coração 

    Conhece aquelas pessoas que conseguem transmitir a fé não com gritos, mas com um sorriso? Assim era São Francisco de Sales. Nascido em 1567 no castelo da família, na região da Saboia (hoje França), ele poderia ter tido uma vida tranquila como nobre. Mas Deus o chamou para algo maior: tornar-se sacerdote e, mais tarde, bispo de Genebra – embora, por causa da forte oposição calvinista, ele tenha governado sua diocese a partir da cidade de Annecy. 

    O que fazia de Francisco de Sales tão especial? Sua incrível capacidade de falar de Deus de um jeito que todos entendiam. Ele escreveu livros como a Introdução à Vida Devota, mostrando que a santidade não era só para monges e freiras, mas para todo mundo – donas de casa, comerciantes, camponeses. Dizia que “mais moscas se pegam com uma gota de mel que com um barril de vinagre”. E viveu isso na prática. 

     A Incrível Missão de Chablais: Quando a Persistência Venceu a Resistência 

    Imagine um jovem padre sendo enviado sozinho para uma região onde a população havia abandonado a fé católica e destruído igrejas. Foi o que aconteceu com Francisco em Chablais, entre 1594 e 1598. Os calvinistas dominavam a região, e o catolicismo estava proibido. Muitos teriam desistido ou partido para o confronto. Mas não ele. 

    Sem jamais levantar a voz, Francisco começou a escrever sermões claros e cheios de bondade, que eram copiados à mão e colocados debaixo das portas das casas. À noite, ele pregava com paciência, mesmo sob ameaças. Aos poucos, seu respeito e firmeza na fé foram conquistando corações. O que parecia impossível aconteceu: milhares voltaram à Igreja Católica, não por força, mas porque viram em Francisco um homem que realmente acreditava no que pregava – e amava as pessoas que tentava converter. 

     O que isso nos Ensina Hoje? 

    Vivemos num mundo cheio de polarizações, onde muitos discutem religião com ódio, não com amor. A história de São Francisco de Sales e Chablais nos lembra que a verdadeira fé não se impõe – ela cativa. Ele não abriu mão da verdade, mas também nunca abriu mão da caridade. 

    Em nossa paróquia, somos chamados a seguir esse exemplo: acolher quem está afastado, explicar a fé com paciência e, acima de tudo, testemunhar com alegria. Porque, no fim das contas, ninguém se converte por argumentos brilhantes, mas pelo encontro com o amor de Deus – e esse amor precisa ser visto em nós. 

    São Francisco de Sales, rogai por nós! 

     Fontes: 

    – LAJEUNIE, E. J. Saint Francis de Sales: The Man, the Thinker, His Influence (1966). 

    – WRIGHT, W. The Missionary Methods of St. Francis de Sales (2005). 

    Para Refletir: 

    “Nada é tão forte quanto a gentileza, e nada tão gentil quanto a força verdadeira.” – São Francisco de Sales

  • Santa Missa “pro eligendo Romano Pontifice” – Homilia do Cardial Giovanni Battista Re

    Santa Missa “pro eligendo Romano Pontifice” – Homilia do Cardial Giovanni Battista Re

    Nos Atos dos Apóstolos, lê-se que após a ascensão de Cristo ao céu, e enquanto aguardavam o dia de Pentecostes, todos perseveravam e estavam unidos em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. Act 1, 14).

    É exatamente isso o que nós também estamos a fazer, a poucas horas do início do Conclave, sob o olhar da Virgem Maria colocada ao lado do altar, nesta Basílica que se ergue sobre o túmulo do Apóstolo Pedro.

    Sentimos unido a nós todo o povo de Deus, com o seu sentido de fé, de amor ao Papa e de espera confiante.

    Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar a sua luz e a sua força, a fim de que seja eleito o Papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.

    Rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os Cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade.

    No Evangelho que foi proclamado, ressoaram palavras que nos conduzem ao coração da suprema mensagem-testamento de Jesus, confiada aos seus Apóstolos na noite da Última Ceia, no Cenáculo: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). E quase para precisar este «como Eu vos amei» e indicar até onde deve chegar o nosso amor, Jesus afirma a seguir: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13).

    É a mensagem do amor, que Jesus define como «novo» mandamento. Novo porque amplia grandemente, transformando-a em positiva, a advertência do Antigo Testamento, que dizia: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.

    O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e as ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização, aquela que Paulo VI chamou de “civilização do amor”. O amor é a única força capaz de mudar o mundo.

    Jesus deu-nos o exemplo desse amor no início da Última Ceia com um gesto surpreendente: abaixou-se para servir os outros, lavando os pés dos Apóstolos, sem discriminação, sem excluir Judas, que o trairia.

    Esta mensagem de Jesus está relacionada com o que ouvimos na primeira leitura da Missa, na qual o profeta Isaías nos lembrou que a qualidade fundamental dos Pastores é o amor até à entrega total de si mesmo.

    Surge, portanto, dos textos litúrgicos desta celebração eucarística, um convite ao amor fraterno, à ajuda recíproca e ao empenho em favor da comunhão eclesial e da fraternidade humana universal. Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro conta-se a de fazer crescer a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, comunhão dos bispos com o Papa e comunhão dos Bispos entre si. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a comunhão entre as pessoas, os povos e as culturas, tendo sempre em vista que a Igreja seja “casa e escola de comunhão”.

    Além disso, é forte o apelo à manutenção da unidade da Igreja segundo o caminho indicado por Cristo aos Apóstolos. A unidade da Igreja é desejada por Cristo, uma unidade que não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho.

    Cada Papa continua a encarnar Pedro e a sua missão e, assim, representa Cristo na terra; ele é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada (cf. Mt 16, 18).

    A eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna.

    Os Cardeais eleitores expressarão o seu voto na Capela Sistina, onde, como diz a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, «tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado».

    No Tríptico Romano, o Papa João Paulo II desejava que, nas horas da grande decisão através do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrasse a cada um a grande responsabilidade de colocar as “chaves supremas” (Dante) nas mãos certas.

    Rezemos, portanto, para que o Espírito Santo, que nos últimos cem anos nos deu uma série de Pontífices verdadeiramente santos e notáveis, nos conceda um novo Papa segundo o coração de Deus, para o bem da Igreja e da humanidade.

    Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus.

    O mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais, humanos e espirituais, sem os quais a convivência humana nem será melhor nem beneficiará as gerações futuras.

    Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos auxilie com a sua materna intercessão, para que o Espírito Santo ilumine as mentes dos Cardeais eleitores e os torne concordes na eleição do Papa de que o nosso tempo necessita.

  • Caminho de Emaús: Quando a Fé Reacende a Esperança

    Caminho de Emaús: Quando a Fé Reacende a Esperança


    Hoje quero compartilhar uma das passagens mais tocantes do Evangelho: o Caminho de Emaús (Lc 24,13-35). Ao reler essa cena com profundidade espiritual, percebi que ela fala diretamente com todos nós, especialmente nos momentos de desânimo, dúvida e perda de esperança.

    Dois discípulos, frustrados com a morte de Jesus, caminhavam abatidos, achando que tudo havia acabado. Mas no meio do caminho… Jesus ressuscitado se aproxima. Eles não o reconhecem, mas Ele escuta, explica as Escrituras e parte o pão. Nesse gesto, os olhos deles se abrem — e o coração volta a arder.

    A mensagem é clara: mesmo quando não reconhecemos, Jesus caminha ao nosso lado, especialmente quando o peso da vida parece maior. O segredo está em abrir o coração para ouvi-Lo, conhecer as Escrituras e viver a Eucaristia com verdade.

    Foi impossível não me identificar com os discípulos: quantas vezes já caminhei como eles — decepcionado, sem entender os “porquês”? Mas também como eles, já experimentei esse reencontro com Cristo que reacende a fé e transforma tudo.

    Este Evangelho nos convida a:

    • Redescobrir o poder da Palavra de Deus
    • Reencontrar a força da Eucaristia
    • E testemunhar que Jesus está vivo!

    Você já viveu o seu “Caminho de Emaús”? Compartilha aqui nos comentários. Vamos juntos ser testemunhas de esperança!