Por que devemos fazer silêncio e ter espírito de oração para receber a eucaristia?

Fazer silêncio e cultivar um espírito de oração antes de receber a Eucaristia é essencial porque nos prepara interiormente para esse encontro profundo com Cristo. O silêncio ajuda a aquietar os pensamentos dispersos e a afastar as distrações do cotidiano, permitindo que o fiel entre em comunhão com o mistério que está prestes a viver. Na tradição católica, a Eucaristia não é apenas um rito simbólico, mas a presença real de Jesus Cristo. Por isso, é necessário um coração recolhido, atento e reverente para acolhê-Lo dignamente.

O espírito de oração é o meio pelo qual nos abrimos à ação da graça de Deus. Estar em atitude orante significa reconhecer nossa pequenez diante da grandeza do Sacramento e nos colocar em disposição humilde, adoradora e agradecida. A oração nos une a Cristo e nos lembra que a comunhão eucarística é também comunhão com a Igreja e com os irmãos. Sem esse espírito, a recepção da Eucaristia corre o risco de se tornar um gesto mecânico e vazio de significado espiritual.

Além disso, o silêncio e a oração ajudam a despertar em nós a fé no mistério da transubstanciação — a mudança do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Esse é um mistério que ultrapassa a razão e só pode ser acolhido pela fé. O recolhimento prepara a alma para reconhecer essa presença real, favorecendo uma comunhão mais consciente, frutuosa e transformadora. A liturgia ensina que “quem comunga deve estar em estado de graça”, e o recolhimento favorece esse exame interior e disposição sincera.

Após a comunhão, o silêncio continua sendo fundamental para uma boa ação de graças. Nesse momento íntimo, Cristo está presente de forma especial na alma do fiel, e é um tempo precioso para adorá-Lo, agradecê-Lo e apresentar-lhe nossos pedidos. A ação de graças não deve ser apressada nem superficial: é o prolongamento do encontro eucarístico e o início da missão de viver no dia a dia os frutos desse sacramento.

Portanto, o silêncio e a oração antes, durante e depois da Eucaristia são expressões de reverência e amor a Cristo. Eles nos permitem viver a missa como um verdadeiro encontro com Deus, com profundidade e devoção. Sem esse preparo espiritual, corre-se o risco de banalizar o mistério e perder os frutos da graça. A comunhão eucarística é fonte de santidade, mas é preciso aproximar-se dela com fé viva, coração puro e alma atenta.

Vinícius Couzzi Mérida
Author: Vinícius Couzzi Mérida

Doutor em Ciências da Religião da PUC Minas e da ULAVAL do Canadá. Professor concursado da SEEDUC RJ e pesquisador há 17 anos, cujo interesse versa sobre tradicionalismo católico, história religiosa de Campos dos Goytacazes e região, séculos XIX e XX, religião e modernidade e catolicismo romano. Além do Doutorado duplo, é graduado em História (2006), Pedagogia (2023), especialista em Política Brasileira (2010) e mestre em Ciências da Religião (2016).

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